De acordo com Pinho Leal, "Fajão, Faiões e Fajões são corrupção de nome próprio de homem (godo) "Fajão".
Fajão recebeu foral de D. Pedro Mendes, prior do Mosteiro de Folques, em Junho de 1233. Foi Senhor desta antiga vila o referido Mosteiro e posteriormente, com a criação da congregação crúzia, o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra. Este concelho foi extinto e incorporado no de Pampilhosa da Serra, pela reforma administrativa de 1855.
Em 2013 com a agregação de freguesias, Vidual e as suas anexas, Casal da Lapa, Vidual de Baixo e Vidual de Cima passaram a pertencer à freguesia de Fajão - Vidual. A aldeia de Vidual de Baixo foi submersa em 1943 (exceto duas casas) pela albufeira da Barragem de Santa Luzia, surgindo a nova povoação de Casal da Lapa. Vidual havia sido elevado a freguesia em 1815, ano em que deixou de pertencer à de Unhais-o-Velho. Já como freguesia pertenceu ao concelho de Fajão, passando a integrar o de Pampilhosa da Serra em 1855.
Atualmente, a freguesia é constituída pelos lugares de Boiças, Camba, Casal da Lapa, Castanheira da Serra, Cavaleiros de Baixo, Cavaleiros de Cima, Ceiroco, Ceiroquinho, Covanca, Fajão, Gralhas, Mata, Ponte de Fajão, Porto da Balsa, Quinta do Couceiro, Quinta da Safra, Vale Pardieiro, Vale da Presa, Vidual de Baixo e Vidual de Cima.
FREGUESIA DE FAJÃO (antiga)
A antiga Freguesia de Fajão fica situada no extremo norte do Concelho de Pampilhosa da Serra, de cuja sede dista cerca de 20 quilómetros, no distrito de Coimbra.
O territorio de Fajão foi povoado em épocas muito remotas, como comprovam as suas várias estações arqueológicas, anotadas no "Levantamento Arqueológico do Concelho de Pampilhosa da Serra", de Carlos Batata e Filomena Gaspar. Segundo o Padre Augusto Nunes Pereira, o Prior de 1233, do Mosteiro de S. Pedro Folques, concedeu foral a dez povoadores de Ceira, formando-se assim a povoação designada por Fajão. O topónimo advém, segundo alguns autores, da corrupção do nome próprio "Fayão", talvez de um individuo do povo "Godo"; no texto do referido foral, D. Pedro Mendes intitula-se Prior do Mosteiro de Folques, e Senhor desta antiga vila. Posteriormente, com a fundação do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, o Convento de Folques foi-lhe anexado, ficando Fajão como curato da apresentação do convento de Santa Cruz, tendo como donatário o Convento de Folques.
Fajão foi vila e sede de um antigo Concelho que englobava seis freguesias, tendo sido extinto a 24 de Outubro de 1855 e integrado, nesta altura, no de Pampilhosa da Serra. embora fosse um concelho pobre, dada a aridez das suas terras, foi importante pela sua vida social e financeira e pela riqueza do seu incomparável folclore em que sobressaem os "Famosos Contos de Fajão". consta em acta de Junta de Freguesia de 25 de Maio de 1958 que o ultimo Presidente da Cãmara Municipal de Fajão, foi o Dr. José Maria Nogueira Acúrcio das Neves, assim como o ultimo Juíz de Fajão, José Pedro Fernandes.
Os lugares inseridos na Freguesia de Fajão são: Covanca; Ceiroco; Camba; Porto da Balsa; Castanheira da Serra; Gralhas; Ponte de Fajão; Quinta do Couceiro; Cartamil; Mata; Cavaleiros de Cima; Cavaleiros de Baixo; Quinta da Safra; Boiças; Vale Pardieiro, Ceiroquinho, Foz do Belide, Algares, Açor das Boiças e Vale da Presa.
A economia da freguesia sofreu uma evolução, com a contribuição da pequena industria e comércio, para o melhoramento de vida e desenvolvimento local; o facto da freguesia estar inserida numa zona com área florestal, permitiu o desenvolvimento de actividades relacionadas com a exploração de madeiras.
Do Património arquitetónico e edificado de Fajão destaca-se: a Igreja Paroquial, que começou a ser construída a 2 de Junho de 1788; várias capelas que se encontram disseminadas pela freguesia e ainda, o antigo edifício da Câmara Municipal; porém, existem na povoação outros locais de interesse turístico, como a barragem do Alto Ceira e a sua praia fluvial e a estação de Penedos de Fajão, no lugar Raseira, numa zona plana rodeada por três afloramentos quartzíticos.
Patrimonio Natural e Cultural :
Antiga Casa da Câmara e Cadeia - A Antiga Casa da Câmara e Cadeia é hoje uma acolhedora hospedaria. O edifício, embora um pouco alterado relativamente a sua traça original, é um exemplo da arquitectura rural que alia a simplícidade do traçado aos materiais típicos da região: o xisto.
" A Cadeia " (nome da pousada) é apoiada pelo café "Juiz de Fajão". Existe ainda um restaurante, " O Pascoal", onde podemos saborear pratos típicos da região como javali assado, as trutas, chanfana, etc.
Igreja Paroquial - A construção deste templo teve início a 2 de Junho de 1788. Trata-se de um edifício de linhas sóbrias ladeado à direita pela torre sineira, unida de forma original ao corpo da igreja através de um arco. A porta principal é de verga curva, com cimalha ondulada.
No interior podem ser contemplados os altares de madeira entalhada, sendo o principal do século XVII e os colaterais do final de setecentos. Do antigo templo recebeu a pia baptismal, a imagem de S. Teotónio e as imagens de S Simão e de Nossa Senhora do Rósario, de pedra, da 2ª metade do século XVI.
Capela de Nossa Senhora da Guia - É uma construção moderna, traçada pela mão do arquitecto Armando Alves Martins. O altar idealizado pelo Monsenhor Nunes Pereira e as seis telas que retratam algumas cenas da vida de Cristo são da autoria do pintor Fajaense Guilherme Filipe.
Capela de S. Salvador - Edifício simples, de planta rectagular e de uma só nave. A fachada é recortada pela porta emoldurada com pedras (acrescento recente), ladeada por dois rasgos verticais e encimada por um pequeno óculo. No interior está a imagem do titular, S. Salvador, de pedra, provavelmente dos finais do séc. XVI.
Museu Monsenhor Nunes Pereira - Monsenhor Nunes Pereira, natural da Mata, foi o grande entusiasta da criação de um museu nesta aldeia, que acolhesse com dignidade a história da freguesia, bem como do concelho. A ideia nasceu e de imediato se lançou "mãos à obra" na recuperação de uma casa que servisse para albergar dignamente as memórias da terra. Assim nasceu o Museu Monsenhor Nunes Pereira, inaugurado a 13 de Setembro de 1997 e ampliado em 16 de Abril de 2000.
Este espaço museológico veio despertar para a consciência do rico e vasto património local e da necessidade da sua preservação. Aqui está concentrado boa parte do espólio pessoal do Monsenhor onde, em gesto de justa homenagem, reuniu a oficina do seu pai António Nunes Pereira, grande escultor da região. Dos núcleos de arte destaque para o da pintura do qual faz parte um retracto de Monsenhor, de 1960, saído da mão do ilustre Fajaense Guilherme Filipe.
Para além do edifício principal, que reúne toda a colecção, este Museu conta com outro edifício, fronteiro, que alberga a Sala de Exposições Temporárias e a Sala do Artesanato da Freguesia.
Miradouro de Nossa Senhora da Guia - Espaço de contemplação que permite ver em primeiro plano a aldeia de Fajão.
Penedos de Fajão - Constituem um verdadeiro santuário de pedra, servindo de base a muitas lendas e tradições. Os rochedos desenham autenticas esculturas baptizadas pela imaginação popular. Assim é a pedra que abana, uma verdadeira obra da natureza, de onde se pode perder o olhar no vale encaixado que vai até à Ponte de Fajão, protegidos pela rede Natura 2000.
Barragem do Alto Ceira e Parque de Merendas
Contos de Fajão - Os tradicionais Contos de Fajão, recolhidos e publicados em 1989 pelo Monsenhor Nunes pereira, são o testemunho da riqueza lendária de região. Muitos deles remontam à Idade Média e o " Juiz de Fajão" representa um símbolo, transmitido de geração em geração.
Artesanato
Miniaturas em xisto (relógios, casinhas)
Orago
Nossa Senhora da Guia e de S. Salvador, Celebradas em conjunto no 3º Fim de Semana de Julho.
Nossa Senhora da Assunção, Celebrada a 15 de Agosto.
FREGUESIA DE VIDUAL (antiga)
Vidual pertenceu ao extinto concelho de Fajão, passando a integrar o de Pampilhosa da Serra em 1855. Em 1815 foi elevada a freguesia, ano em que deixou de pertencer à de Unhais-O-Velho.
A aldeia de Vidual de Baixo foi submersa em 1943 pela albufeira da Barragem de Santa Luzia surgindo a nova povoação de Casal da Lapa.
A origem etimológica de Vidual é atribuída ao nome duma planta, bétula ou vidueiro, que em tempos germinava com abundância nesta região. A economia da freguesia baseava-se quase exclusivamente na castanha, centeio, legumes, mel e trigo, tal como quase todos os povoados serranos.
Barragem de Sta Luzia - Factos e História
Tragédia
Os trabalhos da Barragem de Stª Luzia terminaram em 1942, em Novembro desse ano, são fechadas as comportas da barragem, resolução tomada pela Companhia Electrica das Beiras (proprietária deste empreendimento), logo a água reprezada começou a subir desmedidamente, pois era medonha a invernia, a chuva era torrencial não amainava nem um instante (desde o ano de 1910 que não se fazia sentir um Inverno tão chuvoso ) e as águas do rio de Unhais, que iam alimentar a barragem há muito que haviam transbordado para fora do seu leito devido às fortes chuvadas que caíam nessa altura, vindo em poucas horas a lamber as modestas casas de Vidual de Baixo.
Houve Pânico!
António Cardoso da Fonseca Brito, na altura presidente da Junta de Freguesia, mandou telegramas aflitivos a S. Excelência o Sr. Presidente do Concelho, que por sua vez telefonou ao Sr. Governador Civil de Coimbra, que logo veio desabaladamente, debaixo de temporal desfeito, ver o que se tratava. Ante os seus olhos assombrados, do alto do Casal da Lapa, ele, viu na encosta fronteira, onde tinha o seu assento a aldeia de Vidual de Baixo, os traços fortes da tragédia e de pavor de uma população aterrada, a fugir do impacto da água que lhe invadia as casas. Pragas e súplicas. Lágrimas e soluços. O Governador Civil ficou mudo de espanto, e conta-se que descortinou numa das barracas do Casal da Lapa, as sombras de três seres diabólicos a olhar a tragédia com esgares de riso, e que lhe puseram calafrios na espinha e o levaram a fugir daquele lugar de maldição. O que disse ele ao Presidente do Concelho? Não se sabe, mas, sabe-se que ele fugiu à inauguração da barragem, por certo com receio de reconhecer encarnadas em figuras humanas as sombras que ele julgou ver no Casal da Lapa naquele dia tão trágico.
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